quarta-feira, 30 de junho de 2010

A informação para o desenvolvimento e o desenvolvimento da informação

A informação para o desenvolvimento e o desenvolvimento da informação.

Os projetos e relatórios de pesquisas em desenvolvimento sustentável quase nunca indicam a participação da ciência da informação e dos conteúdos de informação em C&T na sua explanação e na sua metodologia. Utilizam, estes, dos processos, aplicações e técnicas do campo como um insumo que não merece ser relacionado ou relatado.

As Nações Unidas já reconheceram a importância dos significados de informação no processo de desenvolvimento sustentável, mas tem havido muito pouca reflexão e literatura sobre a questão e o progresso social e econômico. As próprias áreas de informação ficam incertas quanto a esta relação e poucos falam disso. Frequentemente os planos econômicos e sociais indicam a participação da Internet em seus estudos, pelo seu apelo a uma modernidade moda, mas esquecem de que a rede é um grande estoque de informação em fluxo.

Um problema básico é a dificuldade de associação de conceitos altamente fluidos como os de informação, sociedade da informação e sociedade do conhecimento com a ideia, também complexa de desenvolvimento. Falta uma articulação que coloque o estoque e os fluxos de informação participantes do processo de desenvolvimento, o que seria importante para o status da ciência da informação e das disciplinas de sua vizinhança. Mas, não existe uma articulação coerente, teórica ou metodológica, suportando ou posicionando a ação de informação nos documentos de políticas Públicas de informação e desenvolvimento.

Qualquer pessoa envolvida em informação está ciente, de que o seu conceito é "indisciplinado" e atrapalha esta interação (Machlup e Mansfield; Dervin; Buckland; McCreadie e Rice; Frohmann e outros já lidaram com este assunto). Certamente o palavrório diversificado da coisa toda afasta dos documentos de política desenvolvimentista as condições adequadas para lidar com a informação como um fator participante.

Trabalhando na área por muitos anos pude observar que o próprio campo não tem consenso sobre o conjunto de conhecimentos que têm por objeto explicar os seus condicionamentos. Cada tese de doutorado em ciência da informação, por exemplo, constrói para sua explanação um arcabouço teórico conceitual particular, muitas vezes, apoiado em qualidades teóricas e metodológicas de outras áreas do conhecimento. Esta colcha de retalhos que se forma na área, explanada sempre como sendo fruto de uma interdisciplinaridade mal ilustrada, nunca foi validada por um consenso dos pesquisadores de ciência da informação.

Os diversos conceitos de informação são, ainda, inadequados para harmonizar as funções e as práticas da qual ela quer participar em outros campos. Esta é uma tarefa dos estudiosos da ciência da informação: criar configurações conceituais confiáveis para o campo que sejam aceitas por todos; condições estas que possam ser generalizadas visando um compromisso pragmático e gerando o envolvimento com conceitos externos e universais da ciência.


Fonte: "Sustainable information and information science" que merece ser lido no periódico lançado recentemente "Information Research" vol. 15 no. 2, June, 2010 no site: http://informationr.net/ir/15-2/paper431.html

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Fonte: Lista de discussão do Aldo Barreto.
Lexias caracterizam uma unidade de leituras são indicadas como os locais do texto em que o conteúdo das palavras entra em terremotos de significação ou como o envelope de um volume semântico, a voz do texto tutor, a linha saliente de um texto plural.

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